Porque descemos a Hidrovia Tietê-Paraná?

Para conhecer melhor estes rios, seus afluentes e toda a natureza que os cercam...viver esta aventura!
Para divulgar a Vela, principalmente a vela de Cruzeiro, pela ABVC-Interior, nos clubes, cidades e marinas distribuídos ao longo da Hidrovia.
Para atrair os jovens para as atividades saudáveis ao ar livre, na integração com a natureza.
Para apoiar os Comitês de Bacias e todas as iniciativas de recuperação da qualidade de nossas águas.
Para levantar os problemas de falta de Mata Ciliar ao longo do trecho principal e seus principais afluentes.
Para chamar a atenção dos municípios do potencial turístico da Hidrovia Tietê-Paraná e seus afluentes, para que criem estruturas para receber o turismo náutico.
Para demonstrar que a Vela de Cruzeiro é um esporte extremamente factível para o pessoal da Terceira Idade.
Para conhecer nossa gente e fazer novos amigos!!
Venha Conosco, Inscreva-se e Participe!!
abvcinterior@terra.com.br
Paulo Fax – Vice Presidente e Diretor Regional da ABVC Interior (11) 8457-3879
Paulo Abreu – Comodoro da Expedição e Diretor Adjunto ABVC Interior (19) 9105-5050
VHF canal 22

domingo, 27 de dezembro de 2009

Diário da 5a e Última Etapa da Expedição - Pereira Barreto a Castilho

por Paulo Fax, Paulo Abreu e Francisco Piza


12/12/2009 Sábado

Na semana que se sucedeu a 4ª perna, o Paulo Abreu e o Frank haviam feito uma investida subindo o canal de Pereira Barreto até a montante do rio São José dos Dourados, pouco vento e muita correnteza dentro do canal, a navegação é tranqüila desde que diurna e não tenha o azar de cruzar com alguma chata, rebocador ou draga no caminho, pois além da correnteza o canal ser muito forte é estreito para manobras. Deveria ter com certeza um sistema de operação como das eclusas pois é muito passível de acidentes dentro do canal. Mesmo clamando no canal 16 após avistarem uma embarcação de grande porte não houve resposta, isso reforça o perigo de navegar nesses canais estreitos e de mão dupla, já que a maioria das pequenas embarcações e das dragas de areia não possuírem sequer um radio VHF.

Após uma longa viagem dos navegadores até a Pousada Dinâmica da Águas em Pereira Barreto, nos reunimos por telefone com o Chico que estava em Andradina onde conheceu o Amarildo, sócio do condomínio da Vila dos Operadores, e com um único telefonema conseguiu liberar para nós todo acesso à rampa e recursos do local. Prtimos para Andradina onde nos encontramos e de lá para Castilho. Desta forma, deixamos os dois carros e as três carretas neste condomínio e seguimos retorno com a famosa Jabiraca, como chamamos o carro do Frank, para Pereira Barreto. Dormimos na Pousada Dinâmica das Águas.



13/12/2009 Domingo

Amanheceu chovendo, tempo encoberto. Até tomarmos nosso café e providenciarmos gasolina e arrumações partimos finalmente as 10h, já sem chuva agora.

A represa estava muito espelhada, águas calmas. Contornamos a cidade de Pereira Barreto e seguimos motorando rio abaixo. Na margem direita do rio vemos Pereira Barreto, suas praias e em seguida alguns ranchos. Encalhado numa margem vimos um barco de passeio que está sendo terminado.
Neste trecho é comum encontrar nas margens famílias inteiras pescando com a água pela cintura.




A ponte Pereira Barreto é enorme, possui 2 km de extensão e 10 metros de altura no vão maior, não necessitando abaixarmos os mastros dos veleiros. Isso porque já estamos no padrão Paraná da hidrovia, onde a altura permitida é de 10 metros. Isso ocorre porque para descer o rio Paraná não existe eclusa em Ilha Solteira assim, as embarcações são obrigadas a percorrer o canal pereira Barreto e eclusar pela eclusa de Três Irmãos. Assim, todo este trecho acompanha o padrão Paraná.

O padrão Tietê determina 7 metros de altura máxima, nos obrigando a descer o mastro a cada ponte e eclusa.


Assim que deixamos a ponte de Pereira Barreto para trás, no horizonte avistamos os guindastes da barragem de Três Irmãos, bem ao longe. Neste trecho a represa é bastante larga, chegando a 4,7 km de largura, e muito profunda, chegando a marcar no ecobatímetro 55 metros.
Neste momento tivemos uma surpresa bastante agradável, um cardume de enorme Dourados acompanhavam a Expedição, e sem o menor pudor saltavam para fora da água refletino o sol nos seus dorsos dourados e vigorosos. Esta espécia está praticamente em extinção e quase não existe um projeto de preservação da espécie na região. Pelo sabor da carne é um peixe muito apreciado pelos pescadores.

Assim que nos aproximamos da eclusa, fizemos contato com o operador para os procedimentos de eclusagem. Desta vez foi menos burocrático e recebemos diretamente a permissão para entrar na eclusa e atracar. Pela primeira vez fizemos estas operações sem abaixar os mastros, muito mais fácil.
A Eclusa de Três Irmãos também é formada por duas câmaras em cascata com um lago intermediário, assim como a de Nova Avanhandava. Desta forma, para vencer o desnível temos que proceder duas eclusagens.


O lago intermediário muito bonito e arborizado, a boreste fica uma prainha cheia de capivaras, que nem se incomodaram com a nossa presença, e a bombordo fica um pequeno pântano que lembra um jardim.
Na saída da eclusa existe uma ponte rodoviária (SP-563) e uma rede de alta tensão logo em seguida. Os balizamentos da hidrovia indicam uma passagem onde o linhão é mais alto, assim passamos sem mais problemas.


O trecho do Tietê que navegamos em seguida é mais pantanoso, um tanto ermo, com inúmeras ilhotas, canais e trechos muito planos nas margens. De longe avistavasse um barquinho de alumínio passando de um lado para o outro, procurando suas sevas para pescar. Muitos pássaros, tucanos, araras canindé, patecos, papagaios e peixes, muitos peixes. Especialmente bonito, a mata ciliar não está muito espessa, mas existe em quase todo o trecho. A correnteza é quase imperceptível.


Logo avistamos a ponte de Itapura. Esta ponte teve dois vãos emendados para alargar a passagem. As plataformas de concreto foram substituídas por uma ponte metálica, mais bonita e mais alta, vencendo o vão duplo. Um imenso arco de apoio dá um toque especial nesta ponte. Muitas pessoas param por ali em volta da ponte para descer o barranco para pescar e fazer pic nics, ou como diz o Frank, farofada mesmo!

Após a ponte existe um longo treco a boreste muito raso e largo, após algumas batidinhas no leme fomos obrigados a ir para a Hidrovia e navegar entre as bóias para evitar encalhes. Neste trecho muitas algas limpas afloram a água, parecendo enormes florestas submersas. Estas algas chegam a ter até 05 metros de altura até a superfície. Deve ser lindo um mergulho entre elas.

Pouco abaixo avistamos as construções da antiga cidade Salto de Itapura que emergem da água próximas da margem direita do rio. As mais visíveis são duas caixas d’água e uma estrutura de pilares e vigas. Não há sinalização para a navegação, o que torna a navegação noturna neste trecho muito perigosa. Estas estruturas ficam em frente à praia de Itapura, e foram alagadas pela barragem de Jupiá, no rio Paraná. A Marina Urubupungá do Paulo Longo, situada no rio Paraná, opera mergulhos neste local, avistando as construções da antiga cidade, inclusive a hidrelétrica de Itapura, também alagada pela barragem de Jupiá.

Na cidade de Itapura não existe mais a rampa municipal, para retirada dos barcos, é feita pela areia mesmo, então serve apenas para pequenas embarcações a motor.
Na margem direita avistamos alguns pivôs de irrigação em fazendas locais e vários ranchos bem montados, com seus respectivos piers dedicados principalmente para pesca.


No horizonte já avistamos a outra margem do Rio Paraná, no Mato Grosso do Sul, mistura-se uma sensação de cumprimento da meta e de pena por estar acabando nossa expedição.
Entrou um vento e abrimos as velas. Logo entramos no Rio Paraná.
Todos comemoramos, com cerveja e falando no rádio, nos parabenizamos e lavamos a alma netse momento, entramos finalmente no rio Paraná..Adeus Tietê, obrigado por tudo!


Já deslizando no rio Paraná, nos chamou a atenção a clareza das águas que lembram muito as enseadas de Angra dos Reis. Um tom verde e a grande visibilidade permitem ver os peixes passando, florestas de algas sob nossos cascos, que delícia esse lugar. O pôr do sol prometia ser lindo, digno de um final de expedição tão almejado.





Logo viramos em direção a jusante do rio e seguimos descendo o rio. O Papaléguas foi margeando o Estado de São Paulo enquanto o Zip e o Bichop margeavam o lado do Mato Grosso. Neste trecho a mata ciliar é exuberante, está ligada a uma mata mais densa que segue até onde a vista alcança. Muitas aves se aninham ali. As enseadas são claras e cercadas de mata verde. Alguns trechos das margens são formados por pedras oriundas do basalto descoberto pelas ondas do reservatório. Cada metro deste trecho é muito bonito.
Mais tarde o veleiro Zip e o veleiro Bichop decidiram procurar uma enseada para pernoitar no Mato Grosso enquanto o Papaléguas seguiu para a rampa da Vila dos Operadores.



14/12/2009 Segunda - Feira




Entre comemorações e pescarias a noite caiu para o descanso da tripulação que logo pela manhã partiram em direção a Vila dos operadores. Com um ótimo vento de través, singramos a imensa represa e cruzando a fronteira dos Estados já com um aperto na garganta, anunciando que lá chegando fecharíamos a nossa longa etapa.
Os guindastes da barragem no horizonte e o enorme  muro de contenção nos davam a idéia da grandeza daquela obra, quanta maravilha!





Conforme fomos nos aproximando da Barragem de Jupiá, pela margem paulista, aparecem ranchos muito bonitos e em seguida mansões maravilhosas, que nada deixam a dever para as melhores de Angra dos Reis. Após um contato do Chico por telefone, nos alertou que a rampa da Vila dos operadores estava um tanto avariada e nos orientou a encarretar na Marina Urubupunga, onde fomos recebidos pelo Paulo Longo e seu gerente, que nos deu toda a atenção e suporte necessário, além de rebocar os barcos com o trator, o que facilitou muito já que a rampa é de areia.


A marina Urubupungá é muito bonita , bem cuidada e com uma ótima estrutura para mergulhadores, eles fazem saídas regulares para mergulho numa hidrelétrica inundada, num velho vapor afundado na guerra do Paraguai, na antiga cidade submersa de Itapura e também eclusa abaixo nos pântanos fazem mergulhos com as raias de água doce.
Nesta época a visibilidade chega a 07 metros por causa da chuva, de maio a novembro passa a incríveis 14 metros!





Após uma sessão muito animada de fotos e um banho no Frank, fomos a Pereira Barreto buscar a Jabiraca do Frank, nesse meio tempo ajudamos a ajeitar as coisas no Papaléguas e o Chico nos trouxe pra pegar os carros que faltavam.
Com uma alegre despedida e a sensação do dever cumprido, cada um de nós pegou a estrada de volta pra casa.



Em breve, faremos uma reunião dos participantes da expedição, para fazermos um resumo de recomendações, comentando os melhores trechos, o que faltou, o que pode melhorar e o que evitar para balizar futuras expedições pelo rio Tietê e Paraná. Até lá desejamos a todos um Natal maravilhoso e um Ano novo de muita paz e ótimas navegadas!



Agradecemos de coração a todos os que colaboraram direta e indiretamente para a realização desta Expedição, as nossas famílias que com o coração apertado torceram por nós, aos nossos amigos que seguraram algumas barras enquanto estávamos fora, aos que nos receberam com carinho e um enorme sorriso sem ao menos nos conhecer. Ao Clube Agua Nova e seus diretores e funcionários, A marina da Barra e o Sr Ivan. A Secretaria de Turismo da Barra.Aos operadores das eclusas, sempre cordiais e companheiros, nosso muito obrigado. Aos Comandantes da chatas e rebocadores que nos encheram de alegria e nos mostraram a grandeza deste rio que transporta o crescimento e o sustento deste país. Aos nossos valentes veleiros, que com coragem em suas quilhas e lemes suportaram porrancas, perrengues, troncos, caturradas, algas, lodos, pedras, pontes aguapés, camalotes, eclusas, esgotos, lixos e todo tipo de alegoria que flutue, valeu, valeu mesmo!! Aos nossos queridos tripulantes, companheiros que dividiram bons e maus momentos conosco, obrigado por não abandonarem o navio e não fazerem a bordo nenhum motim significativo a côrte marcial. A SP Turis e o Capitão Marco Antônio Castelo Branco que nos deu todo apoio cartográfico. A vocês queridos amigos que nos acompanharam pelo blog e navegaram conosco on-line. Aos nossos companheiros velejadores que não puderam estar conosco, mas só fisicamente, estavam lá sim! A Marinha do Brasil da Barra Bonita, e a ABVC.




Muito Obrigado e Bons Ventos!!



Paulo Fax, Francisco Piza e Paulo Abreu.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Expedição na Midia....

Confira as reportagens que sairam na midia local sobre a nossa Expedição!!!!!!



TV TEM - Filiada da emissora Rede Globo


Caso não consiga visulizar a imagem acesso o site
http://www.temmais.com/3;0,,29753,,,tem+not%c3%adcias+embarca+numa+expedi%c3%a7%c3%a3o+pelo+rio+tiet%c3%aa+com+barcos+a+vela.aspx


Jornal Folha da Região- Araçatuba



Caso não consiga visulizar a imagem acesso o site
http://www.folhadaregiao.com.br/noticia?125093

Diário de Bordo da 4a Perna - Buritama a Pereira Barreto

Por Paulo Fax e Francisco Piza




04/12/2009

Após o rápido descanso da terceira perna, a equipe da expedição começa os preparativos para a volta a Buritama onde estão os barcos ancorados pela popa e amarrados ao píer pela proa caturrando de saudade dos seus comandantes.

Poucas conversas na semana e devido a alguns contratempos de alguns decidimos abortar a expedição neste fim de semana.

Já é quinta feira e as conversas se sucedem quando Paulo Fax, o Chico e o Pabreu começaram a botar lenha na fogueira e um cutucando ao outro pra sair.

A meteorolgia da quinta feira prometia um final de semana péssimo, o que facilitou na abortada, neste próximo trecho o rio é muito largo e as ondas e as correntes não são para brincadeiras.
De última hora o Chico avisou que o tempo iria mudar e teríamos sol na proa e bons ventos na popa. Fechamos aí a decisão final, a Expedição iria seguir!
Pabreu e o Chico seguiram em dois carros para deixar um em Pereira Barreto, próxima etapa, e dormiram na Dinâmica das Aguas, Hotel onde no final fundearíamos.
Paulo Fax e o Lutti dormiram em Buritama no Hotel da cidade já que o Clube estava fechado a noite, e entrar na água a noite naquela ventania não seria nada convidativo.

5/12/2009 Sábado

As 09h estávamos todos no Náutico Clube de Buritama, o vento estava forte e fazendo ondas e os veleiros caturravam nas amarrações como cavalos esperando o tiro de partida de uma corrida.

Iniciamos a descarregar as bagagens e arrumar nossos veleiros. Não demoramos muito, e as 09h30min desatracamos agradecendo ao pessoal do clube que foram excepcionais conosco e seguimos para a quarta etapa de nossa Expedição pela Hidrovia Tietê-Paraná.

O Vento estava forte e chegava de través no Ribeirão Santa Bárbara assim, a descida do canal foi feita rapidamente e num único bordo. Vento excelente, sol e calor estavam prenunciando uma velejada muito boa.Cruzamos com um enorme Barco de turismo da região, que saía do porto de buritama, eclusava com os passageiros e após 05h de diversão , almoço e paradas ele atracava no Nautico B para mais uma parada. O comandante Idílio foi muito cordial nos passando pelo rádio sobre seu trabalho turístico na região.
Assim chegamos ao Rio Tietê, muito largo neste trecho e seguimos para a Eclusa da Barragem de Nova Avanhandava, tudo com bastante vento, atingindo 6 nós de velocidade em alguns trechos.

Foi uma velejada magnífica até aqui, o Zip teve problemas para montar as velas e seguiu no motor até a eclusa. Ao chegar próximo à barragem, encontramos uma enseada muito tranqüila e abrigada destes ventos de leste para descer os mastros para a eclusagem.

Fazemos estes procedimentos bem em frente a um rancho, onde dois senhores estão sentados no píer, eles são de Lins e possuem aquele rancho para os finais de semana. Dizem que ó rancho é o paraíso deles, que já estão aposentados. O rancho é muito simples, mas acolhedor e integrado com a natureza da região, lindo.

Depois de terminados os procedimentos, contatamos a eclusa e o operador Eduardo foi muito solícito conosco, nesta eclusagem constatamos a parceria feita entre a ABVC Interior e o DHN que passou a informação dos barcos para as próximas eclusas, nos economizando tempo e demonstrando que em matéria de Elusagem e Hidrovia eles são bastante organizados.
Curiosidades a parte, todos os operadores das eclusas foram de extrema cordialidade conosco, e é um grande exemplo de como certas coisas no cotidiano deveriam ser. As eclusagens são gratuitas e o serviço é de primeira, funciona 24 h por dia , 07 dias por semana, nem parece Brasil.

Bom, seguindo os procedimentos para eclusagem, eclusou junto conosco a lancha Balada, do Daniel, junto com seu filho e seu tio estavam descendo de Sales até Ilha Solteira.

Era a segunda vez que faziam este passeio. Está levando 100 litros de gasolina amarrados em dois galões na plataforma traseira da lancha. Ele demonstrou interesse pela nossa aventura e trocamos e-mails para enviar nosso relato de viagem e para ele acessar o blog da expedição.

A Eclusagem de Nova Avanhandava é feita em duas etapas, ou seja, com duas eclusas ligadas por um Lago Intermediário. Terminada a primeira eclusagem seguimos pelo lago para dentro da segunda eclusa, terminada a segunda eclusagem estamos no lago da barragem de Três Irmãos.Na saída da eclusa, a agua que fica dentro da porta vai saindo em cachoeira a medida que levanta, nesta hora uma surpresa, uma chuva de camarões de agua doce invadiram os cockpits, foi uma festa camarõezinhos pulando pra cá e pra lá e a tripulação correndo para joga-los na agua de novo, foi hilário!! Nunca imaginamos que poderia chover camarão!!

Saímos da Eclusa e podemos dizer que estamos no Mar de Três Irmãos.

Este primeiro trecho possui a correnteza mais forte que enfrentamos até agora, chega a 3,5 nós. Para se ter uma idéia, o motor de popa do Papaléguas consegue levar o veleiro a 5 nós, contra esta correnteza a velocidade final não seria mais que 1,5 nós, sem vento contra, claro.
Seguimos rio abaixo com forte correnteza. As bóias deste trecho costumam desaparecer no leito do rio e ressurgir intermitentemente, isso devido à correnteza.
Imaginamos um bote de borracha, estas bóias de chapa podem perfeitamente abrir o fundo de um bote destes sem dificuldade, e em vez de trazerem auxilio à navegação se tornam mais um perigo à mesma.

No trecho encontramos pequenas ilhas e até uma ponte implodida para abrir caminho para hidrovia, já que era muito baixa para passagen das chatas.
Fazendas de búfalos em meio a um campo com Babaçus e a medida que fomos avançando a agua voltava a ser mais limpa.
O rio segue estreito por 15 km com forte correnteza, então alarga um pouco e em mais 9 km estamos em frente ao Clube Veleiros de Araçatuba, onde chegamos aproximadamente as 16h e levantamos os mastros.



Lá estavam a nossa espera a equipe da TV TEM com a repórter Patricia e seu Cameraman (afiliada a Rede Globo) para gravar uma entrevista com os participantes da expedição e fazer imagens no trajeto. Depois de algumas orientações, eles embarcaram no ZIP, o maior veleiro do grupo, sendo um catamarã, facilita a montagem dos equipamentos e a acomodação da equipe.


Enquanto isso o reporte da FOLHA DA REGIÂO também faziam uma matéria para o jornal sobre a passagem da Expedição.
A divulgação da Vela de Cruzeiro é uma de nossas bandeiras, assim, a divulgação da TV TEM e do Jornal Folha da região é muito bem vinda.

Seguimos a vela até a ponte de Araçatuba, que fica próxima à praia da cidade e de uma usina sucroalcoleira. Baixamos os mastros e passamos sob a ponte. Em seguida levantamos os mastros. Foi a última vez que esta operação foi necessária. Deste ponto para frente, todos os obstáculos existentes na hidrovia seguem o Padrão Paraná, ou seja, 10 metros de altura, o que livra todos os mastros.

A equipe da TV Tem desembarcou na praia da cidade, situado à margem esquerda do Rio Tietê.


Seguimos até o Iate Clube de Araçatuba-ICA, logo abaixo, num percurso de 6 km.no caminho encontramos uma grande queimada controlada, feita antes do corte da cana para limpar e aumentar o teor de açucar da cana, desidratando-a e aumentando o teor de açucar.



O ICA fica numa enseada na margem esquerda do Rio Tietê, possui em píer muito bem construído e o jardim mais bonito que vimos até agora. Por meio de contatos anteriormente articulados por nosso Comodoro Paulo Abreu, fomos recebidos pelo gerente residente do clube. Como chegamos às 22h, não havia mais ninguém alem de nós por lá. Pudemos utilizar um quiosque com cozinha completa e equipada além da churrasqueira e os banheiros, que mereciam uma reportagem completa.

Os banheiros do clube possui aproximadamente 10 metros por 8 metros totalizando uma área de 80 m². Com fino acabamento, mármores, granitos e espelhos redondos .Chuveiros com aquecimento central. Muito chique.
Tudo perfeito e maravilhoso, pena que num final de semana como aquele havia passado no clube apenas 23 pessoas por lá.
Fizemos uma macarronada com molho de lingüiça e ficamos conversando até tarde no quiosque do clube. Fomos dormir tarde. O céu estava estrelado, e o vento havia acalmado. Teremos uma noite tranqüila.

6/12/2009 Domingo

Acordamos as 07h30min. Assim que todos estavam preparados, largamos do píer do Iate Clube de Araçatuba às 08h30min. O vento estava muito bom, forte e de alheta.

A represa de Três Irmãos é muito larga, neste trecho possui 3,5 km de largura, e chega a 6 km em outros variando, deste ponto para frente, entre estas duas medidas. Trata-se do mais longo percurso entre eclusas até a barragem de Três Irmãos e do maior espelho de água. Seus afluentes navegáveis possuem entre 15 e 25 km em média, todos muito ricos de peixes, principalmente o Tucunaré.


No caminho encontramos uma Lancha do clube amarrado numa das bóias da Hidrovia, estava pescando. Como passamos perto chamamos no rádio e conhecemos assim o Wagner, associado do clube e navegador do Tietê por mais de 20 anos, deu-nos umas dicas e prometeu nos encontrar aqui no Blog.

Velejamos com bom vento durante 48 km, até os pilares de uma imensa ponte que atravessa o Rio Tietê. Depois disso, o vento parou e a água espelhou.

Alguns deliciosos mergulhos se sucederam para refrescar o calor de 40 graus, já sentimos o bafo do mato grosso subindo o rio e cozinhando nossas cacholas.
O Pabreu e o Cassio nessa altura já haviam desistido do banho de balde e já pulavam na escadinha do ZIP.
No Papaléguas sozinho o Chico com um cabo de cada lado na popa ia “domando” o Papaléguas e mantendo o rumo e as velas cheias como um cavalo no arado.


Neste trecho a visão é fantástica, o horizonte do rio se confunde com o céu criando uma vista espetacular, olhando tanto para proa como para popa, víamos a curvatura da terra pela água.

Seguimos motorando por mais 12 km até o pesqueiro Tucunaré, pequenas instalações para pescadores amadores, com infra-estrutura simples, mas acolhedora.

Eram 17h e neste momento o veleiro Bichop informou que seguiria viagem até Pereira Barreto, aproveitando a claridade do dia já que com o tempo bom e boas condições de navegação, não seria má idéia prosseguir, já que o Pesqueiro não oferecia nenhuma estrutura náutica na agua, alem de ser bem na foz de um ribeirão e um tanto desabrigado .

Seguiu então o veleiro Zip e o papaléguas até o pesqueiro. O Paulo Abreu e o Cássio ficaram na pousada do pesqueiro e o Papaláguas decidiu seguir um pouco mais a vela para aproveitar a claridade do dia e o vento que estava entrando de alheta novamente.

 
O vento estava ótimo e foi aumentando a ponto do Papaléguas navegar a 6.5 nós, o Veleiro Bichop a 5.8 nós e os dois mantiveram contato visual e via rádio por praticamente todo o trecho.

Os 25 km que separam o Pesqueiro Tucunaré de Pereira Barreto foram percorridos em 3,5 horas de uma emocionante velejada, cercados de pirajás por todos os lados. Pirajás são pequenas tempestades isoladas.

As margens invariavelmente são povoadas com cultura de cana, pastos ou mata ciliar. Os afluentes do Rio Tietê possuem suas fozes bastante largas, tornando a largura do espelho de água ainda maior.

Quando anoiteceu, podíamos ver as luzes da cidade ao longe. A profundidade do lago neste trecho chegou a 40 metros.

O veleiro Bichop chegou à Pereira Barreto às 20h30min, e seguiu procurando a enseada da Dinâmica das Águas. Mantivemos contato via rádio, mas mesmo assim ele não encontrou, pois estava tudo no escuro e ele procurava um lugar muito diferente...
O Papaléguas ancorou próximo do portinho da cidade enquanto o Bichop voltava de uma investida rio acima e poucos minutos depois atracou a contra bordo do Veleiro Papaléguas. Estavámos muito decepcionados com o que encontramos, nenhuma infra estrutura para velejadores. Achavamos que a pousada Dinâmica das Águas era um grande hotel com estrutura para veleiros. Na verdade é uma pousada simples de apoio para pescadores amadores. Muito simpática e acolhedora, mas simples ao limite do conforto e sem nenhum suporte na agua.

Descemos dos barcos com uma mochila cada um. Seguimos para a pousada que fica a uns 600 metros do portinho. Pegamos nossos quartos, tomamos banho, pegamos o carro e fomos providenciar a janta às 00h05min. Em Pereira Barreto vigora uma lei que obriga os estabelecimentos a fecharem as meia noite. Por sorte conseguimos comer uma pizza na praça e fomos dormir.

7/12/2009 Segunda Feira

Acordamos as 08h30min. Tomamos café e tentamos contato com o Paulo Abreu, veleiro ZIP. Não conseguimos. Para evitar surpresas, resolvemos visitar a marina de término da primeira perna da Expedição, que termina no Rio Paraná.

A Marina Urubupungá fica às margens do Rio Paraná. Foi uma importante escola de vela, tocada pelo Kico Pardo e atualmente é um centro de mergulho. De lá partem expedições de mergulho para a cidade submersa de Itapura, onde se pode inclusive visitar uma Pequena Central Hidrelétrica submersa, da antiga Empresa Hidroelétrica de Itapura. O Paulo, proprietário da Marina Urubupungá ministra cursos de mergulho.

Fomos também visitar rampas de concreto em Três Lagoas – MS, a jusante da barragem de Jupiá, e na volta visitamos a cidade de Itapura e voltamos para Pereira Barreto.
Chegamos ao portinho a tempo de ver o veleiro ZIP chegando. Vinha seguindo lentamente no contra vento. Ligou o motor e atracou a contra bordo do Veleiro Bichop. Ajudamos a descarregar as coisas e colocar no carro. O Lutti seguiu com o carro até a Pousada e nós seguimos com todos os veleiros motorando até a enseada da marina.

Assim que a tripulação do ZIP tomou seu banho fomos para a cidade providenciar o almoço... mais uma vez, dada á hora, 15h00min não havia mais almoço na cidade, tivemos que nos contentar com lanches na padaria da cidade.
Em seguida fomos para a marina da pousada, descarregamos os barcos e os preparamos para a estadia de alguns dias ancorados na enseada.

Dada a algumas informações da insegurança de deixarmos os barcos lá, ficou acertado que o Paulo Abreu ficaria tomando conta dos veleiros até nossa volta. Assim, deixamos todos os motores e tanques de combustível e demais valores dos barcos no chalé.

Seguimos de carro para Buritama, estava noite e a chuva pegou forte, alguns trechos da estrada estavam começando a interditar, chegando ao Clube que foi gentilmente aberto pelo guarda, cada um retomou seu carro para chegar a sua cidade, a essa altura mal sabíamos da tragédia que se abateu em São Paulo com aquela chuvarada.

Foi uma longa mas intensa pernada, estávamos pela primeira vez somente em homens, demos muitas risadas, contamos causos, nadamos e falamos muito no rádio. Como é maravilhoso esse Rio Tietê, que agora se tornou gigante, imponente e poderoso.


Nos deixe passar e conhecer seus encantos, seus remansos, falamos bem de você depois, até a próxima Tietê!

Diário da 3a Perna da Expedição - Sales a Buritama

27/11/2009 Sexta feira


Estamos almoçando na cidade de Jaguariúna, vindos da divisa de MG após uma manhã bastante trabalhosa, recebemos a ligação do Paulo Abreu:
- E aí? Tu vens para a perna até Buritama? Que horas chegas?
Parece que apenas depois desta ligação iniciou nosso final de semana.

Estamos seguindo para Botucatu, conde encontraremos o Edson e a Ângela para seguirmos para Sales, onde os veleiros descansam há três semanas.



Bastante corrido, chegamos a Botucatu às 17h30min, o Edson chegou as 19h00min e partimos as 20h00min, chegando a Sales as 21h00min, ainda a frente do Paulo Abreu, que chegou às 21h20min com o Frank. Mais uma vez fomos bem recebidos pelo Paulo Pinotti, filho e amigos. Aproveitei para trocar velas do motor de popa que estava meio engasgado de óleo e funcionar um pouco, sem muito sucesso. Fomos logo dormir, alguns ficaram no churrasco que o Pinotti oferecia e na roda do choro e samba até bem mais tarde.



28/11/2009 Sábado

 
Acordei as 07h00min, chamei o Paulo Abreu e fomos até Buritama em dois carros, deixamos o meu carro lá para facilitar a logística da volta.

As 11h00min estávamos de volta, já carregando um frango assado para o almoço e combustível para eventual falta de vento. O Edson já havia arrumado o motor de popa que estava ótimo e a Mariana e Ângela haviam arrumados os veleiros para a partida. Almoçamos e conseguimos partir às 13h30min, passando sob a ponte do Rio Cervinhos para já poder levantar o mastro. Logo em seguida os demais veleiros foram surgindo e levantando seus mastros para seguir velejando. Os veleiros de mastro abaixado ficam muito feios, parece um cachorro com o rabo entre as pernas. Perdem a imponência característica.

A brisa suave batia de través e os veleiros deslizavam preguiçosamente pelo Ribeirão do Cervinho em direção à Foz. Neste trecho uma lancha cruzou várias vezes nosso caminho, até que parou a contra bordo. Era um casal que está construindo um grande hotel às margens do Tietê, bem na foz do Ribeirão Cervinho. São de Catanduva e amigos do Paulo Pinotti. Velejam eventualmente num Hoby Cat 14. Convidaram para passarmos por lá numa próxima vez, quando o hotel estará pronto.

Seguimos velejando, e avistávamos o tempo fechando à nossa frente... cada vez mais... achei mais seguro enrolar a vela Genoa.


A tempestade chegou rápida, como um tapa na vela. A chuva horizontal obrigou-me a sentar no assoalho do cockpit para seguir a navegação, o veleiro bastante inclinado permitia acompanhar a façanha dos demais veleiros. Numa chuva torrencial o veleiro Igaraçu, sob o comando do Marcelo, estava com todos os panos levantados, o veleiro derivava perigosamente para uma arvore que emergia do fundo do lago no meio da represa. A visibilidade estava bastante reduzida nestas condições. O Paulo Pinotti caminhava pelo convés para tentar abaixar as velas a tempo, numa manobra radical o Igaraçu virou 180 graus pouco antes de enroscar na árvore. O Pinotti ainda equilibrado sobre o convés abaixara a vela grande. Ainda assim a Genoa, que estava aberta estufou para frente e explodiu, jogando um retalho na água. Foi impressionante a sena.

No Papaléguas continuamos velejando em direção à margem de barlavento (de onde vem vento) até chegarmos a um local com menos vento e ondas. Ancoramos e em alguns minutos estávamos na calmaria.

Estas tempestades de verão são sempre assim mesmo... muito fortes, e duram pouco tempo. Toda a passagem não durou 20 minutos.

Lentamente os demais veleiros foram se juntando ao Papaléguas. Por sorte não houve qualquer outro dano. E seguimos velejando Ribeirão abaixo, com bom vento.

Assim que chegamos ao Rio Tietê viramos para oeste/noroeste, em direção ao rancho do Tato, que embarcaria para acompanhar-nos no Sábado.
Pararam na praia os veleiros Zip e Igaraçu. Embarcaram o Tato enquanto os veleiros Papaléguas e Bichop aguardavam á capa (parados, mas não ancorados) longe da margem.



Seguimos velejando um grande trecho. Nesta região o Tietê é muito largo, e mostra toda a majestade da represa de Promissão. Certamente um dos lugares mais fantásticos de todo o trajeto, dado as sua dimensões, inúmeras cidades, vilas, condomínios, clubes etc. Quando estamos no contra vento um único bordo pode durar mais de uma hora com vento bom.

Sentimos muito não termos ido até Sabino devido ao tempo, é um lugar maravilhoso que pretendo visitar em outro momento.


Logo em seguida passamos pela foz do Rio Cubatão, também conhecido como Rio da Barra Mansa. Este afluente do Tietê possui mais de 32 km de extensão possuindo ranchos, clubes e condomínios. Não entramos dado ao tempo disponível, mas certamente vale a pena dedicar mais tempo para conhecê-lo.
Logo chegamos à foz do Ribeirão dos Bagres onde, 2,5 milhas náutica acima se situa o Clube e Marina Jacarandá Náutico Clube no município de Adolfo, que fica bem perto dali.

Seguimos rio acima com vento de alheta, numa navegada muito agradável e tranqüila. A mata ciliar está um pouco rala neste trecho, mas a água é muito limpa. Chegamos ao entardecer já sem vento e seguindo à motor, o céu estava prateado e fomo encostando um a um no píer do clube. O Edson com o Bichop foi o primeiro a encostar e prontamente ajudou os demais que chegavam: Papaléguas, Igaraçu e Zip.



Logo surgiu no píer o Sergio, que ficamos conhecendo ali mesmo. Velejador do clube, ele está reformando seu Atol 23 no quintal do rancho ali perto. Dali para diante foi nosso grande anfitrião. Pessoa afável, o Sergio conhece todos os demais velejadores da região. Levou o pessoal ZIP e Igaraçu para agilizar o banho em sua casa, enquanto o Papaléguas e Bichop seguiram para o píer da Marina, onde providenciamos nosso banho, nisso já estava combinado de nos encontrarmos no restaurante do clube para jantar.

O pessoal do restaurante foi muito acolhedor, ótima comida, e ficamos por lá até as 23h00min, com samba e tudo, embalado pela turma do Pinotti.

O pessoal do Pinotti e o Tato seguiram para Sales no final da noite.



29/11/2009 Domingo

Amanhecemos com o dia chuvoso... Eram 07h45min... logo recebi pelo rádio o chamado do Marcelo, veleiro Igaraçu, perguntando as condições da rampa da marina. O recado era claro, o Marcelo estava abandonando a Expedição. O tempo instável, a vela rasgada, a falta de tripulação e a falta de tempo disponível para velejar estavam impossibilitando sua permanência no grupo. Foi uma pena. Lentamente todos nos reunimos no píer da Marina onde o Sergio foi se despedir. Despedimos-nos do Marcelo e do Sergio e seguimos com vontade de ficar mais, muito mais.
Ainda amarrado no píer da marina subi as velas e desamarrei o veleiro... Lenta e silenciosamente o veleiro Papaléguas desencostou do píer, inflou as velas e seguiu rio abaixo, em direção ao Rio Tietê.

Quando entramos no Rio Tietê notamos mais uma vez quão largo é neste trecho. Agora mais profundo, permite navegadas mais seguras e bordos mais longos. O vento está ótimo e permite fazer todo o percurso no pano. A barragem de Promissão é um mundo à parte. É possível navegar por mais de um ano pelo local sem repetir a enseada de pernoite e sempre conhecendo lugares novos.

Ainda antes de chegarmos à Eclusa da Barragem de Promissão passamos pela Foz do Rio Dourado e pela Foz do Ribeirão Fartura.
O Rio Dourado, afluente do Tietê pela margem esquerda, possui 35 km de extensão navegável rio acima, com muitos condomínios e marinas principalmente de pessoas oriundas dos municípios de Promissão e Lins.

O Ribeirão Fartura, afluente do Tietê pela margem direita, possui 20 km de extensão navegável, com vários condomínios e ranchos, além de seus próprios afluentes como o Ribeirão Campestre e outros menores. Um paraíso. Um dia vou voltar para cá velejando para passar muito mais tempo.

Assim que nos posicionamos próximos à bóia de espera da Eclusa de Promissão o Comodoro Paulo Abreu fez contato com o Operador da Eclusa. A mensagem está toda entrecortada por algum problema de comunicação. Entro no canal para estabelecer o contato ponte e finalmente conseguimos nos entender. Meu rádio está recebendo e falando melhor que todos os demais, graças ao próprio Paulo Abreu que instalou minha antena de mastro. Enquanto esperamos o chamado da eclusa abaixamos os mastros dos veleiros.

Por falar em equipamento, notamos a importância do Ecobatímetro, que permite conhecer a profundidade onde se está navegando. Isso principalmente quando saímos da eclusa a jusante, trecho onde a represa é mais rasa, com baixios e tocos aflorando ou não...

Entramos na eclusa e atracamos como de costume, a prática facilita bastante agora. Em poucos minutos estamos todos prontos e é tocada a sirene de eclusagem. O operador da eclusa nos enche de perguntas sobre nossa Expedição, ficou muito interessado. Estamos pensando numa maneira de divulgar para todas as eclusas e operadores dados de nossa Expedição.
Quando terminamos a eclusagem, saímos pelo canal e avistamos uma paisagem diferente das até agora vistas. A jusante da barragem de Promissão, já no lago de Nova Avanhandava, há um terreno plano, com ilhotas muito baixas e alagadiços que lembram o pantanal. Muitos pássaros e peixes que podemos acompanhar pelo ecobatímetro.
Subimos o mastro na primeira oportunidade. A Profundidade neste local varia de 1,5 m a 2,5 m só chega a 3,5 m no canal da hidrovia, que raramente é o caminho mais curto. Dado aos inúmeros tocos que avistamos e a baixa profundidade, resolvemos seguir a motor. E assim foi até avistarmos a ponde de Barbosa. Seguimos até uma enseada e novamente abaixamos o mastro, não devíamos nem ter levantado.


Passamos sob a ponte de Barbosa e amarramos numa passarela para pesca que se inicia a montante da ponte e termina a jusante. O Clube de Pesca Salto de Avanhandava é um lugar pitoresco, com muitos aposentados que se mudaram para lá e pescam todo dia... muitos barcos de alumínio (contei 80 barcos) e um pessoal muito receptivo. Lá conhecemos a Dona Clotilde que veio até a passarela para assuntar nossa chegada. O Roberto, gerente do clube veio nos dar as Boas Vindas e colocar a nossa disposição os banheiros e acomodações para pernoite. Aproveitamos para tomar banho. Dado ao fato de o local não ser muito abrigado, seguimos com os veleiros a jusante do clube onde á um local muito abrigado para pernoite e pernoitamos todos juntos lá, onde fizemos uma deliciosa refeição a bordo. Ficamos conversando até tarde, apenas com a luz do luar refletindo na água espelhada... isso não tem preço...



30/11/2009 Segunda feira
 O dia amanheceu tão tranqüilo quanto o entardecer de ontem. Acordamos e seguimos motorando até o leito do Tietê. As 08h30min o vento entrou pela proa e seguimos no contra vento por horas, em bordos cada vez mais longos e a represa cada vez mais funda. Com o tempo as ondas foram levantando e tivemos que rizar as velas. (reduzir os panos). Depois disso o veleiro ficou menos adernado, mas continuou caturrando pelas ondas e batendo contra elas por horas. De longe notamos que o veleiro Bichop caturra menos e corta mais as ondas por estar mais pesado. O veleiro Zip caturra menos também. Com o passar do tempo nós da tripulação do Papaléguas enjoamos. E foi assim até a foz do Ribeirão Santa Bárbara, afluente da margem direita do Rio Tietê que segue até próxima parada, no Clube Náutico de Buritama.

Neste trecho, a profundidade da represa de Nova Avanhandava vai aumentando, e o espelho ficando mais largo, permitindo bordos cada vez mais longos. Como cada veleiro faz seu plano de navegação, é comum numa hora estarmos vendo os companheiros muito distantes, na outra margem e depois de um bom tempo de navegação cruzamos muito próximos no meio do lago, dando tempo para conversar ou fazer alguma piada ou comentário ao vivo.
Ao entrarmos no Ribeirão Santa Bárbara, o vento ficou de través e a velejada bem mais amena e as 3,7 Milhas Náuticas até lá foram suficientes para passar o enjôo e curtirmos bastante a paisagem.
Na margem à nossa esquerda (bombordo) avistamos um barco de passeio encalhado que está em fase de acabamento e vários ranchos de veraneio. Á margem que passa à boreste existem menos ranchos e condomínios. Existem também várias manchas de mata ciliar isoladas.

Logo avistamos a rede de eletricidade "linhão", que passa próxima do clube, e minutos depois avistamos a ponte sobre o rio, em cuja cabeceira fica o clube. Além desta ponte o Ribeirão Santa Bárbara ainda é navegável por mais 12 km, possuindo alguns clubes, condomínios e ranchos de lazer em suas margens.



Finalmente às 13h20min chegamos ao Clube Náutico de Buritama. Local muito bonito e receptivo. O Rodrigo, responsável pelo restaurante do clube nos esperava com uma maravilhosa peixada. O Clube não funciona de segunda feira, abriu exclusivamente para nos receber, com a autorização do David, presidente do Clube. Ficamos comovidos com a gentileza dispensada por todo o pessoal. David, Rodrigo e a diretoria do clube, além do George que ficou todos os dias cuidando dos barcos.



Amarramos os barcos junto ao píer, almoçamos a peixada do Rodrigo e em seguidas preparamos os veleiros para a estadia e descarregamos as bagagens para a viagem de volta.

Durante a volta toda até Sales viemos comentando da peixada... maravilhosa... vale o passeio até Buritama.