12/12/2009 Sábado


13/12/2009 Domingo
Amanheceu chovendo, tempo encoberto. Até tomarmos nosso café e providenciarmos gasolina e arrumações partimos finalmente as 10h, já sem chuva agora.

A ponte Pereira Barreto é enorme, possui 2 km de extensão e 10 metros de altura no vão maior, não necessitando abaixarmos os mastros dos veleiros. Isso porque já estamos no padrão Paraná da hidrovia, onde a altura permitida é de 10 metros. Isso ocorre porque para descer o rio Paraná não existe eclusa em Ilha Solteira assim, as embarcações são obrigadas a percorrer o canal pereira Barreto e eclusar pela eclusa de Três Irmãos. Assim, todo este trecho acompanha o padrão Paraná.
O padrão Tietê determina 7 metros de altura máxima, nos obrigando a descer o mastro a cada ponte e eclusa.
Assim que deixamos a ponte de Pereira Barreto para trás, no horizonte avistamos os guindastes da barragem de Três Irmãos, bem ao longe. Neste trecho a represa é bastante larga, chegando a 4,7 km de largura, e muito profunda, chegando a marcar no ecobatímetro 55 metros.
Neste momento tivemos uma surpresa bastante agradável, um cardume de enorme Dourados acompanhavam a Expedição, e sem o menor pudor saltavam para fora da água refletino o sol nos seus dorsos dourados e vigorosos. Esta espécia está praticamente em extinção e quase não existe um projeto de preservação da espécie na região. Pelo sabor da carne é um peixe muito apreciado pelos pescadores.

A Eclusa de Três Irmãos também é formada por duas câmaras em cascata com um lago intermediário, assim como a de Nova Avanhandava. Desta forma, para vencer o desnível temos que proceder duas eclusagens.
O lago intermediário muito bonito e arborizado, a boreste fica uma prainha cheia de capivaras, que nem se incomodaram com a nossa presença, e a bombordo fica um pequeno pântano que lembra um jardim.
Na saída da eclusa existe uma ponte rodoviária (SP-563) e uma rede de alta tensão logo em seguida. Os balizamentos da hidrovia indicam uma passagem onde o linhão é mais alto, assim passamos sem mais problemas.O trecho do Tietê que navegamos em seguida é mais pantanoso, um tanto ermo, com inúmeras ilhotas, canais e trechos muito planos nas margens. De longe avistavasse um barquinho de alumínio passando de um lado para o outro, procurando suas sevas para pescar. Muitos pássaros, tucanos, araras canindé, patecos, papagaios e peixes, muitos peixes. Especialmente bonito, a mata ciliar não está muito espessa, mas existe em quase todo o trecho. A correnteza é quase imperceptível.
Logo avistamos a ponte de Itapura. Esta ponte teve dois vãos emendados para alargar a passagem. As plataformas de concreto foram substituídas por uma ponte metálica, mais bonita e mais alta, vencendo o vão duplo. Um imenso arco de apoio dá um toque especial nesta ponte. Muitas pessoas param por ali em volta da ponte para descer o barranco para pescar e fazer pic nics, ou como diz o Frank, farofada mesmo!
Após a ponte existe um longo treco a boreste muito raso e largo, após algumas batidinhas no leme fomos obrigados a ir para a Hidrovia e navegar entre as bóias para evitar encalhes. Neste trecho muitas algas limpas afloram a água, parecendo enormes florestas submersas. Estas algas chegam a ter até 05 metros de altura até a superfície. Deve ser lindo um mergulho entre elas.

Na cidade de Itapura não existe mais a rampa municipal, para retirada dos barcos, é feita pela areia mesmo, então serve apenas para pequenas embarcações a motor.
Na margem direita avistamos alguns pivôs de irrigação em fazendas locais e vários ranchos bem montados, com seus respectivos piers dedicados principalmente para pesca.
No horizonte já avistamos a outra margem do Rio Paraná, no Mato Grosso do Sul, mistura-se uma sensação de cumprimento da meta e de pena por estar acabando nossa expedição.
Entrou um vento e abrimos as velas. Logo entramos no Rio Paraná.
Todos comemoramos, com cerveja e falando no rádio, nos parabenizamos e lavamos a alma netse momento, entramos finalmente no rio Paraná..Adeus Tietê, obrigado por tudo!
Mais tarde o veleiro Zip e o veleiro Bichop decidiram procurar uma enseada para pernoitar no Mato Grosso enquanto o Papaléguas seguiu para a rampa da Vila dos Operadores.
14/12/2009 Segunda - Feira
Entre comemorações e pescarias a noite caiu para o descanso da tripulação que logo pela manhã partiram em direção a Vila dos operadores. Com um ótimo vento de través, singramos a imensa represa e cruzando a fronteira dos Estados já com um aperto na garganta, anunciando que lá chegando fecharíamos a nossa longa etapa.
Os guindastes da barragem no horizonte e o enorme muro de contenção nos davam a idéia da grandeza daquela obra, quanta maravilha!
Conforme fomos nos aproximando da Barragem de Jupiá, pela margem paulista, aparecem ranchos muito bonitos e em seguida mansões maravilhosas, que nada deixam a dever para as melhores de Angra dos Reis. Após um contato do Chico por telefone, nos alertou que a rampa da Vila dos operadores estava um tanto avariada e nos orientou a encarretar na Marina Urubupunga, onde fomos recebidos pelo Paulo Longo e seu gerente, que nos deu toda a atenção e suporte necessário, além de rebocar os barcos com o trator, o que facilitou muito já que a rampa é de areia.
A marina Urubupungá é muito bonita , bem cuidada e com uma ótima estrutura para mergulhadores, eles fazem saídas regulares para mergulho numa hidrelétrica inundada, num velho vapor afundado na guerra do Paraguai, na antiga cidade submersa de Itapura e também eclusa abaixo nos pântanos fazem mergulhos com as raias de água doce.
Nesta época a visibilidade chega a 07 metros por causa da chuva, de maio a novembro passa a incríveis 14 metros!
Após uma sessão muito animada de fotos e um banho no Frank, fomos a Pereira Barreto buscar a Jabiraca do Frank, nesse meio tempo ajudamos a ajeitar as coisas no Papaléguas e o Chico nos trouxe pra pegar os carros que faltavam.
Com uma alegre despedida e a sensação do dever cumprido, cada um de nós pegou a estrada de volta pra casa.
Agradecemos de coração a todos os que colaboraram direta e indiretamente para a realização desta Expedição, as nossas famílias que com o coração apertado torceram por nós, aos nossos amigos que seguraram algumas barras enquanto estávamos fora, aos que nos receberam com carinho e um enorme sorriso sem ao menos nos conhecer. Ao Clube Agua Nova e seus diretores e funcionários, A marina da Barra e o Sr Ivan. A Secretaria de Turismo da Barra.Aos operadores das eclusas, sempre cordiais e companheiros, nosso muito obrigado. Aos Comandantes da chatas e rebocadores que nos encheram de alegria e nos mostraram a grandeza deste rio que transporta o crescimento e o sustento deste país. Aos nossos valentes veleiros, que com coragem em suas quilhas e lemes suportaram porrancas, perrengues, troncos, caturradas, algas, lodos, pedras, pontes aguapés, camalotes, eclusas, esgotos, lixos e todo tipo de alegoria que flutue, valeu, valeu mesmo!! Aos nossos queridos tripulantes, companheiros que dividiram bons e maus momentos conosco, obrigado por não abandonarem o navio e não fazerem a bordo nenhum motim significativo a côrte marcial. A SP Turis e o Capitão Marco Antônio Castelo Branco que nos deu todo apoio cartográfico. A vocês queridos amigos que nos acompanharam pelo blog e navegaram conosco on-line. Aos nossos companheiros velejadores que não puderam estar conosco, mas só fisicamente, estavam lá sim! A Marinha do Brasil da Barra Bonita, e a ABVC.
Muito Obrigado e Bons Ventos!!
Paulo Fax, Francisco Piza e Paulo Abreu.