Porque descemos a Hidrovia Tietê-Paraná?

Para conhecer melhor estes rios, seus afluentes e toda a natureza que os cercam...viver esta aventura!
Para divulgar a Vela, principalmente a vela de Cruzeiro, pela ABVC-Interior, nos clubes, cidades e marinas distribuídos ao longo da Hidrovia.
Para atrair os jovens para as atividades saudáveis ao ar livre, na integração com a natureza.
Para apoiar os Comitês de Bacias e todas as iniciativas de recuperação da qualidade de nossas águas.
Para levantar os problemas de falta de Mata Ciliar ao longo do trecho principal e seus principais afluentes.
Para chamar a atenção dos municípios do potencial turístico da Hidrovia Tietê-Paraná e seus afluentes, para que criem estruturas para receber o turismo náutico.
Para demonstrar que a Vela de Cruzeiro é um esporte extremamente factível para o pessoal da Terceira Idade.
Para conhecer nossa gente e fazer novos amigos!!
Venha Conosco, Inscreva-se e Participe!!
abvcinterior@terra.com.br
Paulo Fax – Vice Presidente e Diretor Regional da ABVC Interior (11) 8457-3879
Paulo Abreu – Comodoro da Expedição e Diretor Adjunto ABVC Interior (19) 9105-5050
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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Diário da 3a Perna da Expedição - Sales a Buritama

27/11/2009 Sexta feira


Estamos almoçando na cidade de Jaguariúna, vindos da divisa de MG após uma manhã bastante trabalhosa, recebemos a ligação do Paulo Abreu:
- E aí? Tu vens para a perna até Buritama? Que horas chegas?
Parece que apenas depois desta ligação iniciou nosso final de semana.

Estamos seguindo para Botucatu, conde encontraremos o Edson e a Ângela para seguirmos para Sales, onde os veleiros descansam há três semanas.



Bastante corrido, chegamos a Botucatu às 17h30min, o Edson chegou as 19h00min e partimos as 20h00min, chegando a Sales as 21h00min, ainda a frente do Paulo Abreu, que chegou às 21h20min com o Frank. Mais uma vez fomos bem recebidos pelo Paulo Pinotti, filho e amigos. Aproveitei para trocar velas do motor de popa que estava meio engasgado de óleo e funcionar um pouco, sem muito sucesso. Fomos logo dormir, alguns ficaram no churrasco que o Pinotti oferecia e na roda do choro e samba até bem mais tarde.



28/11/2009 Sábado

 
Acordei as 07h00min, chamei o Paulo Abreu e fomos até Buritama em dois carros, deixamos o meu carro lá para facilitar a logística da volta.

As 11h00min estávamos de volta, já carregando um frango assado para o almoço e combustível para eventual falta de vento. O Edson já havia arrumado o motor de popa que estava ótimo e a Mariana e Ângela haviam arrumados os veleiros para a partida. Almoçamos e conseguimos partir às 13h30min, passando sob a ponte do Rio Cervinhos para já poder levantar o mastro. Logo em seguida os demais veleiros foram surgindo e levantando seus mastros para seguir velejando. Os veleiros de mastro abaixado ficam muito feios, parece um cachorro com o rabo entre as pernas. Perdem a imponência característica.

A brisa suave batia de través e os veleiros deslizavam preguiçosamente pelo Ribeirão do Cervinho em direção à Foz. Neste trecho uma lancha cruzou várias vezes nosso caminho, até que parou a contra bordo. Era um casal que está construindo um grande hotel às margens do Tietê, bem na foz do Ribeirão Cervinho. São de Catanduva e amigos do Paulo Pinotti. Velejam eventualmente num Hoby Cat 14. Convidaram para passarmos por lá numa próxima vez, quando o hotel estará pronto.

Seguimos velejando, e avistávamos o tempo fechando à nossa frente... cada vez mais... achei mais seguro enrolar a vela Genoa.


A tempestade chegou rápida, como um tapa na vela. A chuva horizontal obrigou-me a sentar no assoalho do cockpit para seguir a navegação, o veleiro bastante inclinado permitia acompanhar a façanha dos demais veleiros. Numa chuva torrencial o veleiro Igaraçu, sob o comando do Marcelo, estava com todos os panos levantados, o veleiro derivava perigosamente para uma arvore que emergia do fundo do lago no meio da represa. A visibilidade estava bastante reduzida nestas condições. O Paulo Pinotti caminhava pelo convés para tentar abaixar as velas a tempo, numa manobra radical o Igaraçu virou 180 graus pouco antes de enroscar na árvore. O Pinotti ainda equilibrado sobre o convés abaixara a vela grande. Ainda assim a Genoa, que estava aberta estufou para frente e explodiu, jogando um retalho na água. Foi impressionante a sena.

No Papaléguas continuamos velejando em direção à margem de barlavento (de onde vem vento) até chegarmos a um local com menos vento e ondas. Ancoramos e em alguns minutos estávamos na calmaria.

Estas tempestades de verão são sempre assim mesmo... muito fortes, e duram pouco tempo. Toda a passagem não durou 20 minutos.

Lentamente os demais veleiros foram se juntando ao Papaléguas. Por sorte não houve qualquer outro dano. E seguimos velejando Ribeirão abaixo, com bom vento.

Assim que chegamos ao Rio Tietê viramos para oeste/noroeste, em direção ao rancho do Tato, que embarcaria para acompanhar-nos no Sábado.
Pararam na praia os veleiros Zip e Igaraçu. Embarcaram o Tato enquanto os veleiros Papaléguas e Bichop aguardavam á capa (parados, mas não ancorados) longe da margem.



Seguimos velejando um grande trecho. Nesta região o Tietê é muito largo, e mostra toda a majestade da represa de Promissão. Certamente um dos lugares mais fantásticos de todo o trajeto, dado as sua dimensões, inúmeras cidades, vilas, condomínios, clubes etc. Quando estamos no contra vento um único bordo pode durar mais de uma hora com vento bom.

Sentimos muito não termos ido até Sabino devido ao tempo, é um lugar maravilhoso que pretendo visitar em outro momento.


Logo em seguida passamos pela foz do Rio Cubatão, também conhecido como Rio da Barra Mansa. Este afluente do Tietê possui mais de 32 km de extensão possuindo ranchos, clubes e condomínios. Não entramos dado ao tempo disponível, mas certamente vale a pena dedicar mais tempo para conhecê-lo.
Logo chegamos à foz do Ribeirão dos Bagres onde, 2,5 milhas náutica acima se situa o Clube e Marina Jacarandá Náutico Clube no município de Adolfo, que fica bem perto dali.

Seguimos rio acima com vento de alheta, numa navegada muito agradável e tranqüila. A mata ciliar está um pouco rala neste trecho, mas a água é muito limpa. Chegamos ao entardecer já sem vento e seguindo à motor, o céu estava prateado e fomo encostando um a um no píer do clube. O Edson com o Bichop foi o primeiro a encostar e prontamente ajudou os demais que chegavam: Papaléguas, Igaraçu e Zip.



Logo surgiu no píer o Sergio, que ficamos conhecendo ali mesmo. Velejador do clube, ele está reformando seu Atol 23 no quintal do rancho ali perto. Dali para diante foi nosso grande anfitrião. Pessoa afável, o Sergio conhece todos os demais velejadores da região. Levou o pessoal ZIP e Igaraçu para agilizar o banho em sua casa, enquanto o Papaléguas e Bichop seguiram para o píer da Marina, onde providenciamos nosso banho, nisso já estava combinado de nos encontrarmos no restaurante do clube para jantar.

O pessoal do restaurante foi muito acolhedor, ótima comida, e ficamos por lá até as 23h00min, com samba e tudo, embalado pela turma do Pinotti.

O pessoal do Pinotti e o Tato seguiram para Sales no final da noite.



29/11/2009 Domingo

Amanhecemos com o dia chuvoso... Eram 07h45min... logo recebi pelo rádio o chamado do Marcelo, veleiro Igaraçu, perguntando as condições da rampa da marina. O recado era claro, o Marcelo estava abandonando a Expedição. O tempo instável, a vela rasgada, a falta de tripulação e a falta de tempo disponível para velejar estavam impossibilitando sua permanência no grupo. Foi uma pena. Lentamente todos nos reunimos no píer da Marina onde o Sergio foi se despedir. Despedimos-nos do Marcelo e do Sergio e seguimos com vontade de ficar mais, muito mais.
Ainda amarrado no píer da marina subi as velas e desamarrei o veleiro... Lenta e silenciosamente o veleiro Papaléguas desencostou do píer, inflou as velas e seguiu rio abaixo, em direção ao Rio Tietê.

Quando entramos no Rio Tietê notamos mais uma vez quão largo é neste trecho. Agora mais profundo, permite navegadas mais seguras e bordos mais longos. O vento está ótimo e permite fazer todo o percurso no pano. A barragem de Promissão é um mundo à parte. É possível navegar por mais de um ano pelo local sem repetir a enseada de pernoite e sempre conhecendo lugares novos.

Ainda antes de chegarmos à Eclusa da Barragem de Promissão passamos pela Foz do Rio Dourado e pela Foz do Ribeirão Fartura.
O Rio Dourado, afluente do Tietê pela margem esquerda, possui 35 km de extensão navegável rio acima, com muitos condomínios e marinas principalmente de pessoas oriundas dos municípios de Promissão e Lins.

O Ribeirão Fartura, afluente do Tietê pela margem direita, possui 20 km de extensão navegável, com vários condomínios e ranchos, além de seus próprios afluentes como o Ribeirão Campestre e outros menores. Um paraíso. Um dia vou voltar para cá velejando para passar muito mais tempo.

Assim que nos posicionamos próximos à bóia de espera da Eclusa de Promissão o Comodoro Paulo Abreu fez contato com o Operador da Eclusa. A mensagem está toda entrecortada por algum problema de comunicação. Entro no canal para estabelecer o contato ponte e finalmente conseguimos nos entender. Meu rádio está recebendo e falando melhor que todos os demais, graças ao próprio Paulo Abreu que instalou minha antena de mastro. Enquanto esperamos o chamado da eclusa abaixamos os mastros dos veleiros.

Por falar em equipamento, notamos a importância do Ecobatímetro, que permite conhecer a profundidade onde se está navegando. Isso principalmente quando saímos da eclusa a jusante, trecho onde a represa é mais rasa, com baixios e tocos aflorando ou não...

Entramos na eclusa e atracamos como de costume, a prática facilita bastante agora. Em poucos minutos estamos todos prontos e é tocada a sirene de eclusagem. O operador da eclusa nos enche de perguntas sobre nossa Expedição, ficou muito interessado. Estamos pensando numa maneira de divulgar para todas as eclusas e operadores dados de nossa Expedição.
Quando terminamos a eclusagem, saímos pelo canal e avistamos uma paisagem diferente das até agora vistas. A jusante da barragem de Promissão, já no lago de Nova Avanhandava, há um terreno plano, com ilhotas muito baixas e alagadiços que lembram o pantanal. Muitos pássaros e peixes que podemos acompanhar pelo ecobatímetro.
Subimos o mastro na primeira oportunidade. A Profundidade neste local varia de 1,5 m a 2,5 m só chega a 3,5 m no canal da hidrovia, que raramente é o caminho mais curto. Dado aos inúmeros tocos que avistamos e a baixa profundidade, resolvemos seguir a motor. E assim foi até avistarmos a ponde de Barbosa. Seguimos até uma enseada e novamente abaixamos o mastro, não devíamos nem ter levantado.


Passamos sob a ponte de Barbosa e amarramos numa passarela para pesca que se inicia a montante da ponte e termina a jusante. O Clube de Pesca Salto de Avanhandava é um lugar pitoresco, com muitos aposentados que se mudaram para lá e pescam todo dia... muitos barcos de alumínio (contei 80 barcos) e um pessoal muito receptivo. Lá conhecemos a Dona Clotilde que veio até a passarela para assuntar nossa chegada. O Roberto, gerente do clube veio nos dar as Boas Vindas e colocar a nossa disposição os banheiros e acomodações para pernoite. Aproveitamos para tomar banho. Dado ao fato de o local não ser muito abrigado, seguimos com os veleiros a jusante do clube onde á um local muito abrigado para pernoite e pernoitamos todos juntos lá, onde fizemos uma deliciosa refeição a bordo. Ficamos conversando até tarde, apenas com a luz do luar refletindo na água espelhada... isso não tem preço...



30/11/2009 Segunda feira
 O dia amanheceu tão tranqüilo quanto o entardecer de ontem. Acordamos e seguimos motorando até o leito do Tietê. As 08h30min o vento entrou pela proa e seguimos no contra vento por horas, em bordos cada vez mais longos e a represa cada vez mais funda. Com o tempo as ondas foram levantando e tivemos que rizar as velas. (reduzir os panos). Depois disso o veleiro ficou menos adernado, mas continuou caturrando pelas ondas e batendo contra elas por horas. De longe notamos que o veleiro Bichop caturra menos e corta mais as ondas por estar mais pesado. O veleiro Zip caturra menos também. Com o passar do tempo nós da tripulação do Papaléguas enjoamos. E foi assim até a foz do Ribeirão Santa Bárbara, afluente da margem direita do Rio Tietê que segue até próxima parada, no Clube Náutico de Buritama.

Neste trecho, a profundidade da represa de Nova Avanhandava vai aumentando, e o espelho ficando mais largo, permitindo bordos cada vez mais longos. Como cada veleiro faz seu plano de navegação, é comum numa hora estarmos vendo os companheiros muito distantes, na outra margem e depois de um bom tempo de navegação cruzamos muito próximos no meio do lago, dando tempo para conversar ou fazer alguma piada ou comentário ao vivo.
Ao entrarmos no Ribeirão Santa Bárbara, o vento ficou de través e a velejada bem mais amena e as 3,7 Milhas Náuticas até lá foram suficientes para passar o enjôo e curtirmos bastante a paisagem.
Na margem à nossa esquerda (bombordo) avistamos um barco de passeio encalhado que está em fase de acabamento e vários ranchos de veraneio. Á margem que passa à boreste existem menos ranchos e condomínios. Existem também várias manchas de mata ciliar isoladas.

Logo avistamos a rede de eletricidade "linhão", que passa próxima do clube, e minutos depois avistamos a ponte sobre o rio, em cuja cabeceira fica o clube. Além desta ponte o Ribeirão Santa Bárbara ainda é navegável por mais 12 km, possuindo alguns clubes, condomínios e ranchos de lazer em suas margens.



Finalmente às 13h20min chegamos ao Clube Náutico de Buritama. Local muito bonito e receptivo. O Rodrigo, responsável pelo restaurante do clube nos esperava com uma maravilhosa peixada. O Clube não funciona de segunda feira, abriu exclusivamente para nos receber, com a autorização do David, presidente do Clube. Ficamos comovidos com a gentileza dispensada por todo o pessoal. David, Rodrigo e a diretoria do clube, além do George que ficou todos os dias cuidando dos barcos.



Amarramos os barcos junto ao píer, almoçamos a peixada do Rodrigo e em seguidas preparamos os veleiros para a estadia e descarregamos as bagagens para a viagem de volta.

Durante a volta toda até Sales viemos comentando da peixada... maravilhosa... vale o passeio até Buritama.





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