Porque descemos a Hidrovia Tietê-Paraná?

Para conhecer melhor estes rios, seus afluentes e toda a natureza que os cercam...viver esta aventura!
Para divulgar a Vela, principalmente a vela de Cruzeiro, pela ABVC-Interior, nos clubes, cidades e marinas distribuídos ao longo da Hidrovia.
Para atrair os jovens para as atividades saudáveis ao ar livre, na integração com a natureza.
Para apoiar os Comitês de Bacias e todas as iniciativas de recuperação da qualidade de nossas águas.
Para levantar os problemas de falta de Mata Ciliar ao longo do trecho principal e seus principais afluentes.
Para chamar a atenção dos municípios do potencial turístico da Hidrovia Tietê-Paraná e seus afluentes, para que criem estruturas para receber o turismo náutico.
Para demonstrar que a Vela de Cruzeiro é um esporte extremamente factível para o pessoal da Terceira Idade.
Para conhecer nossa gente e fazer novos amigos!!
Venha Conosco, Inscreva-se e Participe!!
abvcinterior@terra.com.br
Paulo Fax – Vice Presidente e Diretor Regional da ABVC Interior (11) 8457-3879
Paulo Abreu – Comodoro da Expedição e Diretor Adjunto ABVC Interior (19) 9105-5050
VHF canal 22

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Diário de Bordo da 4a Perna - Buritama a Pereira Barreto

Por Paulo Fax e Francisco Piza




04/12/2009

Após o rápido descanso da terceira perna, a equipe da expedição começa os preparativos para a volta a Buritama onde estão os barcos ancorados pela popa e amarrados ao píer pela proa caturrando de saudade dos seus comandantes.

Poucas conversas na semana e devido a alguns contratempos de alguns decidimos abortar a expedição neste fim de semana.

Já é quinta feira e as conversas se sucedem quando Paulo Fax, o Chico e o Pabreu começaram a botar lenha na fogueira e um cutucando ao outro pra sair.

A meteorolgia da quinta feira prometia um final de semana péssimo, o que facilitou na abortada, neste próximo trecho o rio é muito largo e as ondas e as correntes não são para brincadeiras.
De última hora o Chico avisou que o tempo iria mudar e teríamos sol na proa e bons ventos na popa. Fechamos aí a decisão final, a Expedição iria seguir!
Pabreu e o Chico seguiram em dois carros para deixar um em Pereira Barreto, próxima etapa, e dormiram na Dinâmica das Aguas, Hotel onde no final fundearíamos.
Paulo Fax e o Lutti dormiram em Buritama no Hotel da cidade já que o Clube estava fechado a noite, e entrar na água a noite naquela ventania não seria nada convidativo.

5/12/2009 Sábado

As 09h estávamos todos no Náutico Clube de Buritama, o vento estava forte e fazendo ondas e os veleiros caturravam nas amarrações como cavalos esperando o tiro de partida de uma corrida.

Iniciamos a descarregar as bagagens e arrumar nossos veleiros. Não demoramos muito, e as 09h30min desatracamos agradecendo ao pessoal do clube que foram excepcionais conosco e seguimos para a quarta etapa de nossa Expedição pela Hidrovia Tietê-Paraná.

O Vento estava forte e chegava de través no Ribeirão Santa Bárbara assim, a descida do canal foi feita rapidamente e num único bordo. Vento excelente, sol e calor estavam prenunciando uma velejada muito boa.Cruzamos com um enorme Barco de turismo da região, que saía do porto de buritama, eclusava com os passageiros e após 05h de diversão , almoço e paradas ele atracava no Nautico B para mais uma parada. O comandante Idílio foi muito cordial nos passando pelo rádio sobre seu trabalho turístico na região.
Assim chegamos ao Rio Tietê, muito largo neste trecho e seguimos para a Eclusa da Barragem de Nova Avanhandava, tudo com bastante vento, atingindo 6 nós de velocidade em alguns trechos.

Foi uma velejada magnífica até aqui, o Zip teve problemas para montar as velas e seguiu no motor até a eclusa. Ao chegar próximo à barragem, encontramos uma enseada muito tranqüila e abrigada destes ventos de leste para descer os mastros para a eclusagem.

Fazemos estes procedimentos bem em frente a um rancho, onde dois senhores estão sentados no píer, eles são de Lins e possuem aquele rancho para os finais de semana. Dizem que ó rancho é o paraíso deles, que já estão aposentados. O rancho é muito simples, mas acolhedor e integrado com a natureza da região, lindo.

Depois de terminados os procedimentos, contatamos a eclusa e o operador Eduardo foi muito solícito conosco, nesta eclusagem constatamos a parceria feita entre a ABVC Interior e o DHN que passou a informação dos barcos para as próximas eclusas, nos economizando tempo e demonstrando que em matéria de Elusagem e Hidrovia eles são bastante organizados.
Curiosidades a parte, todos os operadores das eclusas foram de extrema cordialidade conosco, e é um grande exemplo de como certas coisas no cotidiano deveriam ser. As eclusagens são gratuitas e o serviço é de primeira, funciona 24 h por dia , 07 dias por semana, nem parece Brasil.

Bom, seguindo os procedimentos para eclusagem, eclusou junto conosco a lancha Balada, do Daniel, junto com seu filho e seu tio estavam descendo de Sales até Ilha Solteira.

Era a segunda vez que faziam este passeio. Está levando 100 litros de gasolina amarrados em dois galões na plataforma traseira da lancha. Ele demonstrou interesse pela nossa aventura e trocamos e-mails para enviar nosso relato de viagem e para ele acessar o blog da expedição.

A Eclusagem de Nova Avanhandava é feita em duas etapas, ou seja, com duas eclusas ligadas por um Lago Intermediário. Terminada a primeira eclusagem seguimos pelo lago para dentro da segunda eclusa, terminada a segunda eclusagem estamos no lago da barragem de Três Irmãos.Na saída da eclusa, a agua que fica dentro da porta vai saindo em cachoeira a medida que levanta, nesta hora uma surpresa, uma chuva de camarões de agua doce invadiram os cockpits, foi uma festa camarõezinhos pulando pra cá e pra lá e a tripulação correndo para joga-los na agua de novo, foi hilário!! Nunca imaginamos que poderia chover camarão!!

Saímos da Eclusa e podemos dizer que estamos no Mar de Três Irmãos.

Este primeiro trecho possui a correnteza mais forte que enfrentamos até agora, chega a 3,5 nós. Para se ter uma idéia, o motor de popa do Papaléguas consegue levar o veleiro a 5 nós, contra esta correnteza a velocidade final não seria mais que 1,5 nós, sem vento contra, claro.
Seguimos rio abaixo com forte correnteza. As bóias deste trecho costumam desaparecer no leito do rio e ressurgir intermitentemente, isso devido à correnteza.
Imaginamos um bote de borracha, estas bóias de chapa podem perfeitamente abrir o fundo de um bote destes sem dificuldade, e em vez de trazerem auxilio à navegação se tornam mais um perigo à mesma.

No trecho encontramos pequenas ilhas e até uma ponte implodida para abrir caminho para hidrovia, já que era muito baixa para passagen das chatas.
Fazendas de búfalos em meio a um campo com Babaçus e a medida que fomos avançando a agua voltava a ser mais limpa.
O rio segue estreito por 15 km com forte correnteza, então alarga um pouco e em mais 9 km estamos em frente ao Clube Veleiros de Araçatuba, onde chegamos aproximadamente as 16h e levantamos os mastros.



Lá estavam a nossa espera a equipe da TV TEM com a repórter Patricia e seu Cameraman (afiliada a Rede Globo) para gravar uma entrevista com os participantes da expedição e fazer imagens no trajeto. Depois de algumas orientações, eles embarcaram no ZIP, o maior veleiro do grupo, sendo um catamarã, facilita a montagem dos equipamentos e a acomodação da equipe.


Enquanto isso o reporte da FOLHA DA REGIÂO também faziam uma matéria para o jornal sobre a passagem da Expedição.
A divulgação da Vela de Cruzeiro é uma de nossas bandeiras, assim, a divulgação da TV TEM e do Jornal Folha da região é muito bem vinda.

Seguimos a vela até a ponte de Araçatuba, que fica próxima à praia da cidade e de uma usina sucroalcoleira. Baixamos os mastros e passamos sob a ponte. Em seguida levantamos os mastros. Foi a última vez que esta operação foi necessária. Deste ponto para frente, todos os obstáculos existentes na hidrovia seguem o Padrão Paraná, ou seja, 10 metros de altura, o que livra todos os mastros.

A equipe da TV Tem desembarcou na praia da cidade, situado à margem esquerda do Rio Tietê.


Seguimos até o Iate Clube de Araçatuba-ICA, logo abaixo, num percurso de 6 km.no caminho encontramos uma grande queimada controlada, feita antes do corte da cana para limpar e aumentar o teor de açucar da cana, desidratando-a e aumentando o teor de açucar.



O ICA fica numa enseada na margem esquerda do Rio Tietê, possui em píer muito bem construído e o jardim mais bonito que vimos até agora. Por meio de contatos anteriormente articulados por nosso Comodoro Paulo Abreu, fomos recebidos pelo gerente residente do clube. Como chegamos às 22h, não havia mais ninguém alem de nós por lá. Pudemos utilizar um quiosque com cozinha completa e equipada além da churrasqueira e os banheiros, que mereciam uma reportagem completa.

Os banheiros do clube possui aproximadamente 10 metros por 8 metros totalizando uma área de 80 m². Com fino acabamento, mármores, granitos e espelhos redondos .Chuveiros com aquecimento central. Muito chique.
Tudo perfeito e maravilhoso, pena que num final de semana como aquele havia passado no clube apenas 23 pessoas por lá.
Fizemos uma macarronada com molho de lingüiça e ficamos conversando até tarde no quiosque do clube. Fomos dormir tarde. O céu estava estrelado, e o vento havia acalmado. Teremos uma noite tranqüila.

6/12/2009 Domingo

Acordamos as 07h30min. Assim que todos estavam preparados, largamos do píer do Iate Clube de Araçatuba às 08h30min. O vento estava muito bom, forte e de alheta.

A represa de Três Irmãos é muito larga, neste trecho possui 3,5 km de largura, e chega a 6 km em outros variando, deste ponto para frente, entre estas duas medidas. Trata-se do mais longo percurso entre eclusas até a barragem de Três Irmãos e do maior espelho de água. Seus afluentes navegáveis possuem entre 15 e 25 km em média, todos muito ricos de peixes, principalmente o Tucunaré.


No caminho encontramos uma Lancha do clube amarrado numa das bóias da Hidrovia, estava pescando. Como passamos perto chamamos no rádio e conhecemos assim o Wagner, associado do clube e navegador do Tietê por mais de 20 anos, deu-nos umas dicas e prometeu nos encontrar aqui no Blog.

Velejamos com bom vento durante 48 km, até os pilares de uma imensa ponte que atravessa o Rio Tietê. Depois disso, o vento parou e a água espelhou.

Alguns deliciosos mergulhos se sucederam para refrescar o calor de 40 graus, já sentimos o bafo do mato grosso subindo o rio e cozinhando nossas cacholas.
O Pabreu e o Cassio nessa altura já haviam desistido do banho de balde e já pulavam na escadinha do ZIP.
No Papaléguas sozinho o Chico com um cabo de cada lado na popa ia “domando” o Papaléguas e mantendo o rumo e as velas cheias como um cavalo no arado.


Neste trecho a visão é fantástica, o horizonte do rio se confunde com o céu criando uma vista espetacular, olhando tanto para proa como para popa, víamos a curvatura da terra pela água.

Seguimos motorando por mais 12 km até o pesqueiro Tucunaré, pequenas instalações para pescadores amadores, com infra-estrutura simples, mas acolhedora.

Eram 17h e neste momento o veleiro Bichop informou que seguiria viagem até Pereira Barreto, aproveitando a claridade do dia já que com o tempo bom e boas condições de navegação, não seria má idéia prosseguir, já que o Pesqueiro não oferecia nenhuma estrutura náutica na agua, alem de ser bem na foz de um ribeirão e um tanto desabrigado .

Seguiu então o veleiro Zip e o papaléguas até o pesqueiro. O Paulo Abreu e o Cássio ficaram na pousada do pesqueiro e o Papaláguas decidiu seguir um pouco mais a vela para aproveitar a claridade do dia e o vento que estava entrando de alheta novamente.

 
O vento estava ótimo e foi aumentando a ponto do Papaléguas navegar a 6.5 nós, o Veleiro Bichop a 5.8 nós e os dois mantiveram contato visual e via rádio por praticamente todo o trecho.

Os 25 km que separam o Pesqueiro Tucunaré de Pereira Barreto foram percorridos em 3,5 horas de uma emocionante velejada, cercados de pirajás por todos os lados. Pirajás são pequenas tempestades isoladas.

As margens invariavelmente são povoadas com cultura de cana, pastos ou mata ciliar. Os afluentes do Rio Tietê possuem suas fozes bastante largas, tornando a largura do espelho de água ainda maior.

Quando anoiteceu, podíamos ver as luzes da cidade ao longe. A profundidade do lago neste trecho chegou a 40 metros.

O veleiro Bichop chegou à Pereira Barreto às 20h30min, e seguiu procurando a enseada da Dinâmica das Águas. Mantivemos contato via rádio, mas mesmo assim ele não encontrou, pois estava tudo no escuro e ele procurava um lugar muito diferente...
O Papaléguas ancorou próximo do portinho da cidade enquanto o Bichop voltava de uma investida rio acima e poucos minutos depois atracou a contra bordo do Veleiro Papaléguas. Estavámos muito decepcionados com o que encontramos, nenhuma infra estrutura para velejadores. Achavamos que a pousada Dinâmica das Águas era um grande hotel com estrutura para veleiros. Na verdade é uma pousada simples de apoio para pescadores amadores. Muito simpática e acolhedora, mas simples ao limite do conforto e sem nenhum suporte na agua.

Descemos dos barcos com uma mochila cada um. Seguimos para a pousada que fica a uns 600 metros do portinho. Pegamos nossos quartos, tomamos banho, pegamos o carro e fomos providenciar a janta às 00h05min. Em Pereira Barreto vigora uma lei que obriga os estabelecimentos a fecharem as meia noite. Por sorte conseguimos comer uma pizza na praça e fomos dormir.

7/12/2009 Segunda Feira

Acordamos as 08h30min. Tomamos café e tentamos contato com o Paulo Abreu, veleiro ZIP. Não conseguimos. Para evitar surpresas, resolvemos visitar a marina de término da primeira perna da Expedição, que termina no Rio Paraná.

A Marina Urubupungá fica às margens do Rio Paraná. Foi uma importante escola de vela, tocada pelo Kico Pardo e atualmente é um centro de mergulho. De lá partem expedições de mergulho para a cidade submersa de Itapura, onde se pode inclusive visitar uma Pequena Central Hidrelétrica submersa, da antiga Empresa Hidroelétrica de Itapura. O Paulo, proprietário da Marina Urubupungá ministra cursos de mergulho.

Fomos também visitar rampas de concreto em Três Lagoas – MS, a jusante da barragem de Jupiá, e na volta visitamos a cidade de Itapura e voltamos para Pereira Barreto.
Chegamos ao portinho a tempo de ver o veleiro ZIP chegando. Vinha seguindo lentamente no contra vento. Ligou o motor e atracou a contra bordo do Veleiro Bichop. Ajudamos a descarregar as coisas e colocar no carro. O Lutti seguiu com o carro até a Pousada e nós seguimos com todos os veleiros motorando até a enseada da marina.

Assim que a tripulação do ZIP tomou seu banho fomos para a cidade providenciar o almoço... mais uma vez, dada á hora, 15h00min não havia mais almoço na cidade, tivemos que nos contentar com lanches na padaria da cidade.
Em seguida fomos para a marina da pousada, descarregamos os barcos e os preparamos para a estadia de alguns dias ancorados na enseada.

Dada a algumas informações da insegurança de deixarmos os barcos lá, ficou acertado que o Paulo Abreu ficaria tomando conta dos veleiros até nossa volta. Assim, deixamos todos os motores e tanques de combustível e demais valores dos barcos no chalé.

Seguimos de carro para Buritama, estava noite e a chuva pegou forte, alguns trechos da estrada estavam começando a interditar, chegando ao Clube que foi gentilmente aberto pelo guarda, cada um retomou seu carro para chegar a sua cidade, a essa altura mal sabíamos da tragédia que se abateu em São Paulo com aquela chuvarada.

Foi uma longa mas intensa pernada, estávamos pela primeira vez somente em homens, demos muitas risadas, contamos causos, nadamos e falamos muito no rádio. Como é maravilhoso esse Rio Tietê, que agora se tornou gigante, imponente e poderoso.


Nos deixe passar e conhecer seus encantos, seus remansos, falamos bem de você depois, até a próxima Tietê!

Um comentário:

  1. esse papaléguas é o fast500 que estava no icrj?
    abs
    cacalo
    ps: eu tinha um fast500 chamado papaléguas, vendi ao maurício carvalho no icrj. que saber do paradeiro desse barco...

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