Por Paulo Fax e Francisco Piza
04/12/2009
Após o rápido descanso da terceira perna, a equipe da expedição começa os preparativos para a volta a Buritama onde estão os barcos ancorados pela popa e amarrados ao píer pela proa caturrando de saudade dos seus comandantes.
Já é quinta feira e as conversas se sucedem quando Paulo Fax, o Chico e o Pabreu começaram a botar lenha na fogueira e um cutucando ao outro pra sair.
A meteorolgia da quinta feira prometia um final de semana péssimo, o que facilitou na abortada, neste próximo trecho o rio é muito largo e as ondas e as correntes não são para brincadeiras.
De última hora o Chico avisou que o tempo iria mudar e teríamos sol na proa e bons ventos na popa. Fechamos aí a decisão final, a Expedição iria seguir!
Pabreu e o Chico seguiram em dois carros para deixar um em Pereira Barreto, próxima etapa, e dormiram na Dinâmica das Aguas, Hotel onde no final fundearíamos.
Paulo Fax e o Lutti dormiram em Buritama no Hotel da cidade já que o Clube estava fechado a noite, e entrar na água a noite naquela ventania não seria nada convidativo.
Assim chegamos ao Rio Tietê, muito largo neste trecho e seguimos para a Eclusa da Barragem de Nova Avanhandava, tudo com bastante vento, atingindo 6 nós de velocidade em alguns trechos.
Foi uma velejada magnífica até aqui, o Zip teve problemas para montar as velas e seguiu no motor até a eclusa. Ao chegar próximo à barragem, encontramos uma enseada muito tranqüila e abrigada destes ventos de leste para descer os mastros para a eclusagem.
Fazemos estes procedimentos bem em frente a um rancho, onde dois senhores estão sentados no píer, eles são de Lins e possuem aquele rancho para os finais de semana. Dizem que ó rancho é o paraíso deles, que já estão aposentados. O rancho é muito simples, mas acolhedor e integrado com a natureza da região, lindo.
Depois de terminados os procedimentos, contatamos a eclusa e o operador Eduardo foi muito solícito conosco, nesta eclusagem constatamos a parceria feita entre a ABVC Interior e o DHN que passou a informação dos barcos para as próximas eclusas, nos economizando tempo e demonstrando que em matéria de Elusagem e Hidrovia eles são bastante organizados.
Curiosidades a parte, todos os operadores das eclusas foram de extrema cordialidade conosco, e é um grande exemplo de como certas coisas no cotidiano deveriam ser. As eclusagens são gratuitas e o serviço é de primeira, funciona 24 h por dia , 07 dias por semana, nem parece Brasil.
Era a segunda vez que faziam este passeio. Está levando 100 litros de gasolina amarrados em dois galões na plataforma traseira da lancha. Ele demonstrou interesse pela nossa aventura e trocamos e-mails para enviar nosso relato de viagem e para ele acessar o blog da expedição.
Saímos da Eclusa e podemos dizer que estamos no Mar de Três Irmãos.
Este primeiro trecho possui a correnteza mais forte que enfrentamos até agora, chega a 3,5 nós. Para se ter uma idéia, o motor de popa do Papaléguas consegue levar o veleiro a 5 nós, contra esta correnteza a velocidade final não seria mais que 1,5 nós, sem vento contra, claro.
No trecho encontramos pequenas ilhas e até uma ponte implodida para abrir caminho para hidrovia, já que era muito baixa para passagen das chatas.
Lá estavam a nossa espera a equipe da TV TEM com a repórter Patricia e seu Cameraman (afiliada a Rede Globo) para gravar uma entrevista com os participantes da expedição e fazer imagens no trajeto. Depois de algumas orientações, eles embarcaram no ZIP, o maior veleiro do grupo, sendo um catamarã, facilita a montagem dos equipamentos e a acomodação da equipe.
Enquanto isso o reporte da FOLHA DA REGIÂO também faziam uma matéria para o jornal sobre a passagem da Expedição.
A divulgação da Vela de Cruzeiro é uma de nossas bandeiras, assim, a divulgação da TV TEM e do Jornal Folha da região é muito bem vinda.
A equipe da TV Tem desembarcou na praia da cidade, situado à margem esquerda do Rio Tietê.
Seguimos até o Iate Clube de Araçatuba-ICA, logo abaixo, num percurso de 6 km.no caminho encontramos uma grande queimada controlada, feita antes do corte da cana para limpar e aumentar o teor de açucar da cana, desidratando-a e aumentando o teor de açucar.
Os banheiros do clube possui aproximadamente 10 metros por 8 metros totalizando uma área de 80 m². Com fino acabamento, mármores, granitos e espelhos redondos .Chuveiros com aquecimento central. Muito chique.
Tudo perfeito e maravilhoso, pena que num final de semana como aquele havia passado no clube apenas 23 pessoas por lá.
Fizemos uma macarronada com molho de lingüiça e ficamos conversando até tarde no quiosque do clube. Fomos dormir tarde. O céu estava estrelado, e o vento havia acalmado. Teremos uma noite tranqüila.
6/12/2009 Domingo
Acordamos as 07h30min. Assim que todos estavam preparados, largamos do píer do Iate Clube de Araçatuba às 08h30min. O vento estava muito bom, forte e de alheta.
A represa de Três Irmãos é muito larga, neste trecho possui 3,5 km de largura, e chega a 6 km em outros variando, deste ponto para frente, entre estas duas medidas. Trata-se do mais longo percurso entre eclusas até a barragem de Três Irmãos e do maior espelho de água. Seus afluentes navegáveis possuem entre 15 e 25 km em média, todos muito ricos de peixes, principalmente o Tucunaré.
No caminho encontramos uma Lancha do clube amarrado numa das bóias da Hidrovia, estava pescando. Como passamos perto chamamos no rádio e conhecemos assim o Wagner, associado do clube e navegador do Tietê por mais de 20 anos, deu-nos umas dicas e prometeu nos encontrar aqui no Blog.
Alguns deliciosos mergulhos se sucederam para refrescar o calor de 40 graus, já sentimos o bafo do mato grosso subindo o rio e cozinhando nossas cacholas.
O Pabreu e o Cassio nessa altura já haviam desistido do banho de balde e já pulavam na escadinha do ZIP.
No Papaléguas sozinho o Chico com um cabo de cada lado na popa ia “domando” o Papaléguas e mantendo o rumo e as velas cheias como um cavalo no arado.Neste trecho a visão é fantástica, o horizonte do rio se confunde com o céu criando uma vista espetacular, olhando tanto para proa como para popa, víamos a curvatura da terra pela água.
Seguimos motorando por mais 12 km até o pesqueiro Tucunaré, pequenas instalações para pescadores amadores, com infra-estrutura simples, mas acolhedora.
Eram 17h e neste momento o veleiro Bichop informou que seguiria viagem até Pereira Barreto, aproveitando a claridade do dia já que com o tempo bom e boas condições de navegação, não seria má idéia prosseguir, já que o Pesqueiro não oferecia nenhuma estrutura náutica na agua, alem de ser bem na foz de um ribeirão e um tanto desabrigado .
Seguiu então o veleiro Zip e o papaléguas até o pesqueiro. O Paulo Abreu e o Cássio ficaram na pousada do pesqueiro e o Papaláguas decidiu seguir um pouco mais a vela para aproveitar a claridade do dia e o vento que estava entrando de alheta novamente.
O vento estava ótimo e foi aumentando a ponto do Papaléguas navegar a 6.5 nós, o Veleiro Bichop a 5.8 nós e os dois mantiveram contato visual e via rádio por praticamente todo o trecho.
As margens invariavelmente são povoadas com cultura de cana, pastos ou mata ciliar. Os afluentes do Rio Tietê possuem suas fozes bastante largas, tornando a largura do espelho de água ainda maior.
O veleiro Bichop chegou à Pereira Barreto às 20h30min, e seguiu procurando a enseada da Dinâmica das Águas. Mantivemos contato via rádio, mas mesmo assim ele não encontrou, pois estava tudo no escuro e ele procurava um lugar muito diferente...
O Papaléguas ancorou próximo do portinho da cidade enquanto o Bichop voltava de uma investida rio acima e poucos minutos depois atracou a contra bordo do Veleiro Papaléguas. Estavámos muito decepcionados com o que encontramos, nenhuma infra estrutura para velejadores. Achavamos que a pousada Dinâmica das Águas era um grande hotel com estrutura para veleiros. Na verdade é uma pousada simples de apoio para pescadores amadores. Muito simpática e acolhedora, mas simples ao limite do conforto e sem nenhum suporte na agua.
Descemos dos barcos com uma mochila cada um. Seguimos para a pousada que fica a uns 600 metros do portinho. Pegamos nossos quartos, tomamos banho, pegamos o carro e fomos providenciar a janta às 00h05min. Em Pereira Barreto vigora uma lei que obriga os estabelecimentos a fecharem as meia noite. Por sorte conseguimos comer uma pizza na praça e fomos dormir.
7/12/2009 Segunda Feira
Acordamos as 08h30min. Tomamos café e tentamos contato com o Paulo Abreu, veleiro ZIP. Não conseguimos. Para evitar surpresas, resolvemos visitar a marina de término da primeira perna da Expedição, que termina no Rio Paraná.
Chegamos ao portinho a tempo de ver o veleiro ZIP chegando. Vinha seguindo lentamente no contra vento. Ligou o motor e atracou a contra bordo do Veleiro Bichop. Ajudamos a descarregar as coisas e colocar no carro. O Lutti seguiu com o carro até a Pousada e nós seguimos com todos os veleiros motorando até a enseada da marina.
Em seguida fomos para a marina da pousada, descarregamos os barcos e os preparamos para a estadia de alguns dias ancorados na enseada.
Dada a algumas informações da insegurança de deixarmos os barcos lá, ficou acertado que o Paulo Abreu ficaria tomando conta dos veleiros até nossa volta. Assim, deixamos todos os motores e tanques de combustível e demais valores dos barcos no chalé.
Foi uma longa mas intensa pernada, estávamos pela primeira vez somente em homens, demos muitas risadas, contamos causos, nadamos e falamos muito no rádio. Como é maravilhoso esse Rio Tietê, que agora se tornou gigante, imponente e poderoso.
esse papaléguas é o fast500 que estava no icrj?
ResponderExcluirabs
cacalo
ps: eu tinha um fast500 chamado papaléguas, vendi ao maurício carvalho no icrj. que saber do paradeiro desse barco...